Medicina
Déficit de atenção: como identificar e tratar
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Embora o déficit de atenção esteja cada vez mais presente nas pautas das conversas cotidianas, ainda existem inúmeras questões a seu respeito que são compreendidas de forma equivocada ou causam dúvidas.
O que é exatamente esse transtorno, quais são seus tipos, sinais e causas, como é possível diagnosticá-lo e tratá-lo são apenas alguns dos principais questionamentos a seu respeito. Para responder a essas indagações e algumas outras, elaboramos este conteúdo sobre o TDAH.
Continue a leitura e amplie seus conhecimentos a respeito desse tema!
O que é TDAH?
O Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um distúrbio neurobiológico, caracterizado por disfunções em aspectos relacionados às capacidades de atenção, retenção de informações, percepção, memória, interação social, entre outras.
É uma condição que acompanha o indivíduo por toda a vida e pode causar problemas em seu desenvolvimento em diversos âmbitos da vida, como na escola e no trabalho. O TDAH também é chamado de DDA, sigla para Distúrbio do Déficit de Atenção.
Os sintomas do transtorno normalmente são percebidos na infância, mas há casos de indivíduos diagnosticados apenas na vida adulta. O TDAH é reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e consta no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria.
O TDAH afeta algumas capacidades, como a memória e a atenção, em crianças e adultos.
Sintomas
Os três principais sintomas de déficit de atenção são: desatenção, impulsividade e hiperatividade. Essas características são responsáveis por alguns comportamentos que sinalizam a ocorrência do transtorno em crianças. Confira alguns deles a seguir!
- Dificuldade de concentração em atividades que exigem esforço mental;
- Distração com estímulos do ambiente;
- Desinteresse por situações que demandam concentração;
- Recorrência de circunstâncias de esquecimento;
- Problemas com regras e limites;
- Dificuldade em esperar sua vez para falar ou antecipação para responder algo;
- Incapacidade de ficar sentado ou parado (agitar as mãos e os pés, andar pelo lugar ou mexer em objetos);
- Fala excessiva;
- Problemas com organização;
- Mau desempenho escolar.
Nos adultos, o distúrbio costuma ter algumas manifestações suprimidas. De modo geral, os sintomas nessa fase da vida envolvem a procrastinação e dificuldade de completar tarefas, impaciência, esquecimento de atividades pelas quais são responsáveis, além de problemas em estabelecer prioridades, se planejar e se organizar.
Como já citado, as manifestações do TDAH trazem consequências negativas tanto para as crianças como para os adultos. Os comportamentos típicos do transtorno costumam gerar impasses nas relações interpessoais e afetivas, afetar o desenvolvimento da vida profissional e atrapalhar os estudos.
Os sintomas do TDAH podem impactar negativamente no desempenho nos estudos.
Tipos de TDAH
O DSM-5 descreve três tipos de TDAH, de acordo com a predominância de seus sintomas. Veja abaixo quais são eles!
- Desatenção preponderante: neste tipo são predominantes manifestações como o esquecimento, a falta de concentração e o erro por conta disso ao desempenhar tarefas, a distração recorrente e a dificuldade de prestar atenção no que outras pessoas dizem;
- Hiperatividade/impulsividade preponderante: aqui, é marcante a presença de sintomas relacionados à agitação, à fala em excesso, às interrupções ao conversar, à precipitação ao responder algo e aos problemas ao lidar com frustrações;
- Combinado: por fim, o tipo combinado é o que apresenta uma junção dos aspectos tanto ligados à desatenção como à hiperatividade e à impulsividade.
Causas
Estudos indicam que as causas do TDAH estão ligadas a fatores genéticos, bioquímicos e fisiológicos.
Isso porque os indivíduos acometidos pelo distúrbio apresentam alterações na região frontal do cérebro e em suas conexões com o restante do órgão. Essa área está relacionada às capacidades de planejamento, memória operacional, atenção, controle inibitório e tomada de decisão.
Essas modificações podem estar relacionadas a aspectos de predisposição hereditária, além de exposição infantil a chumbo e consumo de álcool, uso de drogas e tabagismo durante a gravidez.
Outro fator que parece influenciar a ocorrência do distúrbio é o baixo peso no nascimento.
O baixo peso ao nascer pode estar relacionado ao desenvolvimento de TDAH.
Diagnóstico
O diagnóstico do transtorno deve ser dado por um médico, com base na avaliação clínica e do histórico do paciente, considerando os critérios definidos no DSM-5. Para isso, é preciso realizar um questionário a respeito do comportamento do indivíduo possivelmente portador do TDAH.
Essa ferramenta, denominada Escala SNAP-IV, conta com as seguintes perguntas em sua versão em português, publicada no volume 28, n°3 da Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul:
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas
2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer
3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele
4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou obrigações
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço mental prolongado
7. Perde coisas necessárias para atividades (brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros)
8. Distrai-se com estímulos externos
9. É esquecido em atividades do dia a dia
10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique sentado
12. Corre de um lado para o outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto é inapropriado
13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma
14. Não para ou frequentemente está a “mil por hora”
15. Fala em excesso
16. Responde perguntas de forma precipitada antes que elas tenham sido terminadas
17. Tem dificuldade em esperar sua vez
18. Interrompe os outros ou se intromete (nas conversas, jogos, etc.)
O questionário possui ainda níveis de gravidade (nem um pouco, só um pouco, bastante e demais) e deve ser respondido por pelo menos 3 pessoas que convivem diretamente com o paciente. Ele é dividido entre questões sobre desatenção (1 a 9) e perguntas sobre hiperatividade e impulsividade (10 a 18).
Além da escala, o médico ainda deverá avaliar a adequação a outros critérios, como a presença deles antes dos 12 anos de idade, a ocorrência em pelo menos duas situações (em casa e na escola, por exemplo), a existência de problemas desencadeados pelos sintomas, entre outros.
É importante ressaltar que diagnosticar o TDAH permite tentar amenizar o distúrbio, melhorando a qualidade de vida e o bem-estar do paciente e também das pessoas próximas.
O diagnóstico do TDAH é fornecido por médicos.
Tratamento
A partir do diagnóstico do transtorno, o médico poderá prescrever o tratamento adequado para o caso em específico. Normalmente, ele envolve o uso de medicamentos estimulantes, a psicoterapia e a instrução de pais e professores. Para alguns pacientes, pode ser necessária também a realização de sessões de fonoaudiologia, por conta de distúrbios na comunicação.
O transtorno tem cura?
Apesar de possuir tratamento, que permite diminuir a ocorrência ou intensidade de seus sintomas, o TDAH não tem cura. O distúrbio tende a ter suas manifestações reduzidas na fase adulta, mas não deixa de existir.
Os adultos podem, inclusive, se beneficiar muito do tratamento, sendo altamente recomendada a busca por orientação médica em caso de suspeitas do transtorno.
Mitos e verdade sobre o TDAH
O déficit de atenção é um assunto que gera muitas dúvidas e conta com um vasto imaginário popular a seu respeito. Por isso, veja a seguir alguns mitos e verdades que envolvem o TDAH!
O TDAH é mais comum em meninos
Verdade. O transtorno afeta mais meninos do que as meninas e a predominância dos sintomas de hiperatividade e impulsividade também é menos comum em meninas. No entanto, a desatenção se manifesta em ambos da mesma forma.
Pessoas com TDAH são mal-educadas
Mito. Indivíduos que têm TDAH possuem apenas distúrbios relacionados à atenção e à hiperatividade e não há culpados nisso.
O TDAH não é sinônimo de má educação ou má vontade.
O tratamento com medicamentos faz mal
Mito. O uso de medicamentos é bastante comum no tratamento do transtorno e, na maioria dos casos, eles são fundamentais para a melhora. Vale destacar, entretanto, que eles devem ser prescritos por um médico e a indicação de doses deve ser seguida à risca. Os remédios podem sim causar efeitos colaterais, que podem ser acompanhados e controlados de acordo com o quadro.
O TDAH se resolve na fase adulta
Mito. Como citado acima, embora suas manifestações possam se reduzir, o distúrbio não deixa de existir na vida adulta e pode causar problemas em relações profissionais e interpessoais, sendo fundamental o diagnóstico e o tratamento.
Convivendo com o TDAH
Além de realizar o tratamento conforme o prescrito, é possível incluir alguns hábitos na rotina que podem contribuir para a diminuição dos sintomas do TDAH e para a melhora da qualidade de vida dos indivíduos acometidos. Confira a seguir alguns deles!
Atividade física
A prática de exercícios físicos de forma regular ajuda a melhorar o desempenho das funções cerebrais, muito por conta de seus benefícios para a circulação sanguínea.
Alimentação
Manter uma alimentação saudável e nutritiva, além de evitar alguns tipos de alimentos, como os com grande quantidade de açúcar, pode colaborar com a atenuação dos sintomas do distúrbio.
Hobbies
Ter um hobbie ou uma atividade que seja feita apenas por lazer, com base em seus interesses pessoais, permite aos indivíduos desenvolver habilidades de autocuidado e que favoreçam a autoestima.
Incentivar crianças com TDAH a desenvolverem hobbies é uma ótima maneira de ajudá-las a exercitar a autoestima.
Não ter vergonha
O diagnóstico de TDAH não é motivo de vergonha, muito pelo contrário, é o que possibilita entender e conviver melhor com suas manifestações. Por isso, não se deve tratá-lo como algum tipo de demérito, mas sim apenas como uma condição que faz parte da vida do indivíduo.
Como você pôde ver, o déficit de atenção é um assunto complexo, que precisa ser mais explorado e amplamente conhecido. Saber quais são os sintomas desse transtorno e como é possível identificá-lo é imprescindível para garantir mais bem-estar a quem o possui e contribuir para a diminuição do estigma do distúrbio, que também afeta negativamente os portadores!
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